Título: Mistress America
Diretor: Noah Baumbach
Ano de Lançamento: 2015
Gênero: Comédia
Elenco: Greta Gerwig, Lola Kirke, Heather Lind, Joel Garland e Matthew Shear
Sinopse: Tracy (Lola Kirke), uma solitária caloura de faculdade em Nova York, é resgatada de sua solidão por sua futura meio-irmã Brooke (Greta Garwig), uma garota aventureira da cidade que a envolve em esquemas envolventes e loucos. Mistress America é uma comédia sobre buscas por sonhos, acertos de contas, famílias temporárias e roubos de gatos.
Enquanto escrevo sobre este filme e mesmo antes, logo que o vi, penso se gostei ou não dele. Não fica claro, em minha mente, se gostei o tanto que penso que gostei ou se gostei bem menos e, ainda apaixonada por "Lola Versus", filme estrelado por Greta Gerwig ao qual assisti anteriormente, coloquei em minha mente a ideia de que gostei mais. Entretanto, é certo que não desgostei da história. Embora um tanto confuso e não tão engraçado quanto pretende ser, "Mistress America" fornece uma boa reflexão sobre nossos ideais, nossas fantasias, nossos super-heróis.
Tracy acaba de entrar na faculdade, mas não consegue se enturmar adequadamente, nem se destacar na escrita. Após uma desilusão amorosa, ela decide seguir um conselho materno e ligar para Brooke, a filha do noivo de sua mãe, uma mulher de Nova York aparentemente bem sucedida. Brooke parece ter a receita da felicidade: é linda do seu modo, possui um noivo, vários amigos, é descolada e tem um incrível projeto de restaurante. Ou seja, Brooke parece ser tudo o que Tracy quer ser. Só que Tracy também enxerga algo de errado em Brooke. Então se divide em idolatrar aquela que acredita ser sua super-heroína e destrinchar a essência de uma possível vilã.
A jovem de menos de 20 anos começa como a jovem adulta perdida em uma cidade grande. A vontade de fazer algo incrível e diferente é perceptível na personagem. Todavia, sua personalidade mais tímida impede que esses elementos transpareçam. Após uma noite com Brooke, porém, ela se transforma. Ela vê como é a vida sob outra perspectiva e decide se jogar no experimento. Por mais que ela veja que a vida de Brooke não passa de uma farsa, ela quer ser Brooke. Ela quer ser a mulher que todos amam, a típica menina popular do ensino médio, a mulher desprezível que todos idolatram. Não que Brooke seja propositalmente má ou desprezível, mas é uma mulher que está focada somente nos seus problemas, sem nunca revelá-los, passando-se ora por Poliana e ora por dama dramática, que pisa sem querer em qualquer um e que, ainda assim, cativa a todos. E esse desejo de ser Brooke evidencia-se em toda a ambiguidade da personagem de Tracy ao longo do filme. Tracy precisa de uma boa história para se destacar. Ela torna Brooke a sua personagem principal, e divide-se no protagonismo e no antagonismo exercido por sua personagem, a quem chama de Mistress America.
Ao mesmo tempo em que ocorre esse desenvolvimento de Tracy - o qual envolve uma esperança amorosa com um colega de faculdade -, Brooke é desconstruída. Sua vida perfeita começa a desmoronar diante de seus erros. Desculpas são dadas pela personagem de forma que a culpa de seus fracassos recaia nas costas de pessoas de seu passado, como antigos amores e colegas de faculdade. No meio da comédia que tenta se desenrolar, personagens deste passado aparecem para encaminhar o desfecho do retrato dessas duas mulheres tão perdidas.
Ainda que o gênero seja comédia, como ressaltei antes, o filme não é tão engraçado. Algumas risadas surgem de vez em quando, mas mais por uma incompreensão - "sério que ele fez isso?" ou "não acredito" ou "nossa, olha o que ela fez" - do que pelo caráter cômico das cenas. Algumas cenas cômicas soam forçadas demais para serem efetivamente engraçadas. Todavia, é um bom filme.
As atuações foram muito boas. Gosto da forma como Greta cria personagens tão cheias de drama sob uma superfície de superioridade. Lola Kirbe, por sua vez, encarnou muito bem o papel da jovem adulta inexperiente e aparentemente deslumbrada, mas que esconde uma grande percepção da realidade, captando detalhes da vida alheia que a dividem entre quem inconscientemente deseja ser e quem sabe que não deveria ser. Mesmo os personagens secundários foram bons. Matthew Shear interpreta o interesse romântico de Tracy e seu personagem é o típico homem que parece tolo. Sempre parece que ele quer algo, mesmo tendo namorada e mesmo que talvez não queira realmente. Da mesma forma, Heather Lind foi perfeita como a inimiga de Brooke, passando a imagem de uma mulher que não quer ser incomodada pelos problemas da antiga amiga dramática e que nos deixa em dúvida acerca de sua responsabilidade nos fracassos de dela.
O final foi perfeito para o filme. Gosto quando o fim não é aquele que se espera. No fim, ninguém é tudo aquilo que achávamos que seria ou faz exatamente aquilo que se espera. Não. Assim como na vida real, os personagens de "Mistress America" surpreendem, negativamente ou positivamente. Alguns de fato são vilões, mesmo que não sejam tão dramáticos. Alguns realmente não sabem o que querem. E, no fim, pode ser que nada daquilo que desejamos dê certo, mas isto não significa que não devemos continuar de outra maneira ou construir novos planos.
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Me lembrou um pouco Gossip Girl, será? Eu lembro que me diverti muito vendo aquela série e acho que esse filme série interessante igual.
ResponderExcluirÉ uma pena que não tenha no netflix kkkk Vou procurar para baixar.
No fim das contas acho que vc gostou do filme. Ficou meio me dúvida no começo da resenha, mas senti sua empolgação haha, por isso vou acatar a dica. Valeu!
>> Vida Complicada <<
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia o filme, e por mais que esteja sempre atenta às dicas de filmes por assistir, esse eu vou deixar passar, realmente não parece ser muito a minha vibe - até me perdi por alguns segundos enquanto lia sobre a história e seus personagens, rs, mas já entendi e, sim, parece ser mesmo interessante para tratar simplesmente de personalidades distintas entre as pessoas, de que ninguém é perfeito, que todo mundo comete erros, e que a vida segue o seu próprio curso. Ainda assim, valeu mesmo a indicação. ;)
Beijos!
♥ Sâmmy ♥
♥ SammySacional ♥
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirAchei a premissa do filme interessante, tá mais pra conceitos psicológicos do que comédia... nem tudo é o que parece. Eu preciso assistir esse filme para formar minha opinião sobre ele, mas me agrada saber que as atuações e construções de todos os personagens foram satisfatórias. Sua resenha despertou meu interesse para conhecer o filme, vou procurar ele. Valeu pela dica!
Beijos
Oi Athenas, sua linda tudo bem?
ResponderExcluirNossa, sua crítica do filme ficou ótima!!! A análise que fez dos sentimentos e comportamentos dos personagens foi muito bem escrita. Mesmo que o filme no fim não seja tão bom, você me ganhou, eu vi como mexeu com você e não vejo a hora de ler.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Oieee, tudo bom? Olha, tenho que te dizer que embora não seja o tipo de filme que costumo assistir, o detalhamento que você fez de cada personagem chamou minha atenção. Esse seria o típico filme que eu assistiria se estivesse passando na tv, mas ainda que ele fosse vazio, você fez com que parecesse mais que uma comédia ( e foi isso mesmo não é?). Parece o tipo de filme com quem todo mundo já se identificou um dia. Quem nunca quis "aprovação" e nunca achou uma garota super popular uma ídola? Vou dar uma conferida! Bjossss
ResponderExcluirhttp://porredelivros.blogspot.com.br
Muito bom quando um filme ou livro nos surpreende neh?? Eu amo, mesmo sendo algo negativo, porque nos mostra possibilidades que ainda não tínhamos visto, enfim eu amo ser surpreendido hahahha. E que filme bacana, já quero ver!!
ResponderExcluirNão gosto de humor forçado, e pelo que você disse, além de não ser quase nada divertido, o filme ainda força um pouco. Não curti muiiito a trama também, então passaria a dica, até porque não gosto muito de parar pra assistir filmes, então só assisto aqueles que eu tenho certeza de que vou gostar.
ResponderExcluirbeijos
www.apenasumvicio.com
Olá. Amo filmes e achei super interessante essa história onde a personagem principal desconstrói aquela que teria a vida que era seu sonho de consumo. Adorei o final não ser o esperado. Acho muito interessante quando o filme passa uma lição que nos faz refletir sobre a vida, o que parece ser o caso.
ResponderExcluirValeu a dica.
Beijos.
Karla Samira
www.pacoteliterario.blogspot.com.br
Oi!!
ResponderExcluirEntão eu nunca tinha ouvido falar desse filme e achei a sua resenha super completa sobre todos os aspectos do filme (queria saber resenhar assim kkk) No entanto não senti muita vontade de assistir.. Eu sou bem chata pra filmes/series/livros, se eu não me conectar com a história eu não consigo ver/ler.
mas que bom que gostou!! Um beijo.
Blog Rascunhos da Lyh
Oi Athena!
ResponderExcluirFui ver o trailler e não me animei muito. Depois que fui lendo a resenha comecei a ver com outros olhos. É o estilo de filme que curto, com uma história mais "leve", mas que tem algo mais a acrescentar. Confesso que, de imediato, achei que seriam uma daquelas comédias com história feita só para dar risada (que eu gosto, mas nem tanto).
Vou procurar pra ver se tem na Netflix. ;)
Beijos