Título: Um estranho numa terra estranha
Original: Stranger in a strange land
Autor: Robert A. Heinlein
Editora: Aleph
Páginas: 569
Onde comprar: Amazon
Sinopse: Valentine Michael Smith é um humano criado em Marte. Ao ser trazido à Terra, ele entra em contato pela primeira vez com seus iguais e se esforça para entender os costumes, a moral e as regras sociais que defi nem os estranhos terráqueos. Em meio a diversas barreiras, o homem de Marte se esforça para grokar esse mundo tão alienígena a ele, enquanto procura explicar à humanidade seus próprios conceitos fundamentais, bem como suas concepções de amor e respeito.
''Todos os homens, deuses e planetas neste livros são imaginários. Qualquer coincidência de nomes é lastimável. '' - Robert A Heinlein
Um estranho numa terra estranha tem uma premissa tanto simples quanto inovadora para a época de lançamento (apesar de muito conveniente): numa tripulação à Marte, dois astronautas têm uma relação extraconjugal e concebem uma criança em terras extraterrestres. Após desentendimentos e outras situações a tripulação acaba morrendo e a criança fica para ser criada por marcianos. Muitos anos depois ele retorna à terra de seus pais e - pela sua criação ultra diferente - estranha e perceba todas as sutilezas e loucuras do comportamentos dos terrestres. Um enredo básico que deu muito assunto para ser trabalhado.
Heinlein utiliza-se de um plano de fundo interessante para criar uma soft sci-fi, ou seja, a parte de ficção científica acaba quase aí. Após chegar na Terra, tudo que vemos com os olhos de Valentine Michael Smith são críticas duras à loucura capitalista da época e a descrição do que poderia ser melhor para a sociedade. Fora, claro, Valentine ser capaz de levitar objetos e até curar seres humanos - só que ele não sabia como explicar a mecânica disso. Para ensinar a fazer, você teria que grokar alguns conceitos marcianos antes ;)
O Homem de Marte tem claramente o ''olhar da inocência'' hippie dos anos 60. Ele desconhece conceitos de propriedade privada, religião e todas as coisas individualistas que tornam a vivência em sociedade tão desgastante. E é aí que consiste o desenvolvimento argumentativo do livro: é uma propaganda clara do movimento hippie da época, que pregava o amor livre, o desprendimento das coisas materiais e a não religião. Acho difícil que esse enredo se tornasse o fenômeno que se tornou se tivesse sido lançado em nosso tempo.
Uma das coisas mais interessantes trabalhadas pelo livro é a como a criação e a linguística podem alterar a percepção de mundo do sujeito. Michael, é claro, tem muitas dificuldades de adaptação na Terra, não entende vários conceitos e não consegue se fazer entender muitas vezes, precisando da ajuda de Jubal Harshaw, seu mentor na história - com quem ele tem os melhores diálogos do livro.
A leitura é, infelizmente, bem arrastada em algumas partes, especialmente se você não se identifica com as críticas apresentadas e não se dá bem com discursos filosóficos. Alguns dos diálogos certamente podem deixar muitas pessoas escandalizadas, já que alguns princípios e conceitos arraigados da sociedade são destroçados. É preciso estar pronto psicologicamente antes de iniciar essa leitura. E se preparar para ser descontruído.
A edição da Aleph está muito bem feita e conta com um ótimo prefácio de Neil Gaiman e um extra explicando algumas coisas do livro. São partes indispensáveis para engrandecer a leitura. Não pule o prefácio, não esqueça do extra xD As folhas são amarelhadas, com uma fonte um tantinho menor do que eu ficaria confortável lendo e uma diagramação simples. Não vi erros de revisão. A tradução está melhor do que a da edição antiga. No geral, mais um ótimo trabalho da editora.
Em suma, eu não consideraria o livro um ícone da ficção-científica, mas ele é certamente um marco do tempo em que foi concebido. É um livro que pode ser tanto revelador quanto ultrajante e preciso ser lido pela mente certa para ser compreendido e não mal interpretado. É sim uma grande história, mas ficou longe dos meus favoritos.
Que capa linda desse livro, a premissa é bem interessante e sua resenha é bem sincera. Não sou grande fã de ficção cientifica, mas eu sempre acabo lendo um livro aqui e outro alai. E esse seria com certeza um que eu leria.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirInfelizmente dessa vez a obra não despertou meu interesse, não sou muito fã do gênero. Mas o projeto gráfico sem dúvidas é bem bacana.
Beijos!
Camila de Moraes.
Olá! O livro não é o meu tipo, e ainda sabendo que a leitura é arrastada, fico com ainda menos vontade de dar uma chance :/
ResponderExcluirBeijos
Parece ser um livro com uma proposta bem diferente, fiquei interessada! Mas se é uma leitura que se arrasta... não sei se leria.
ResponderExcluirBeijos
Mari
www.pequenosretalhos.com
Olá! Achei bem interessante, especialmente por se tratar de um livro já conceituado na literatura mundial. Acho que vale a pena ler. Obrigada pela dica.
ResponderExcluirBeijos!
Oi Grazi, eu já tinha visto o livro por aí, e até lido uma outra resenha, mas infelizmente, não me interessei por ele ainda. De qualquer forma, que bom que gostou.
ResponderExcluirBJs, Rose
Uau, um sucesso de 1961 e eu não conhecia. Será mesmo que não teria como esse livro fazer sucesso se fosse hoje? Vivemos numa época que é urgente o resgate dos valores e mudanças nas questões éticas e morais, e o livro parece ter um discurso que combina com essa necessidade. Apesar de você não ter gostado tanto da leitura, fiquei muito interessada, coloquei o livro na minha lista, mas só se for com essa capa, que está muito linda! Beijos
ResponderExcluirNara Dias
www.viagensdepapel.com
Fico muito feliz que você veja dessa forma! Vem falar comigo quando terminar a leitura! Sempre bom ter uma visão diferente.
ExcluirEsse é um enredo muito inteligente, desde que vi esse livro, quero comprar. ‘Ele desconhece conceitos de propriedade privada, religião e todas as coisas individualistas que tornam a vivência em sociedade tão desgastante.’ Trocando em miúdos, ele desconhece o capitalismo, sorte a dele. ‘A leitura é, infelizmente, bem arrastada em algumas partes, especialmente se você não se identifica com as críticas apresentadas e não se dá bem com discursos filosóficos.’ Isso pra mim não é problema, gosto de leituras que me tornam uma leitura crítica, no mínimo. Enfim, quero muito ler a obra.
ResponderExcluirAchei super sua cara mesmo! Vai adorar.
ExcluirOlá!
ResponderExcluirEu ainda não conhecia essa obra e fiquei morrendo de vontade de realizar a leitura, ainda mais com esse prefácio do Neil, que com certeza adorou o livro. A edição está de fato linda, e vou adicionar na minha lista de compras.
Beijos.
Sinceramente, não sou a mente certa pra ler... Tenho certeza que ia achar arrastado horrores, discurso filosófico não é pra mim... Fora que o enredo não me atraiu em nada, nem a parte da ficção científica conseguiu me convencer. :(
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