Resenha: A Prisão do Rei



Título:
A Prisão do Rei (A Rainha Vermeha vol. 3)
Autor: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Páginas: 544
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Sinopse: Mare Barrow foi capturada e passa os dias presa no palácio, impotente sem seu poder, atormentada por seus erros. Ela está à mercê do garoto por quem um dia se apaixonou, um jovem dissimulado que a enganou e traiu. Agora rei, Maven continua com os planos de sua mãe, fazendo de tudo para manter o controle de Norta — e de sua prisioneira. Enquanto Mare tenta aguentar o peso sufocante das Pedras Silenciosas, o resto da Guarda Escarlate se organiza, treinando e expandindo. Com a rebelião cada vez mais forte, eles param de agir sob as sombras e se preparam para a guerra. Entre eles está Cal, um prateado em meio aos vermelhos. Incapaz de decidir a que lado dedicar sua lealdade, o príncipe exilado só tem uma certeza: ele não vai descansar enquanto não trouxer Mare de volta.
"A Prisão do Rei" é o terceiro volume da série "A Rainha Vermelha", de Victoria Aveyar, publicada no Brasil pela editora seguinte. Com um ar ainda mais pesado que "A Rainha Vermelha" e "Espada de Vidro", este volume dá continuidade à história que divide opiniões entre os leitores da jovem de sangue vermelho que descobre ter poderes em uma sociedade dominada pelos poderosos prateados. Assim, se você ainda não leu os demais livros, fuja desta resenha, porque ela pode fornecer spoilers.

A história se inicia praticamente do mesmo ponto em que "Espada de Vidro" foi finalizada. Mare se entregou ao cruel rei Maven para proteger seu amigos, mas não tinha consciência de que seu ato seria tão doloroso. Impedida de usar seus poderes, começa a definhar diante da inconstância do rei e da crueldade dos demais prateados da corte. Viver ali é pior do que morrer, sobretudo quando sua imagem é utilizada por Maven para combater o avanço da Guarda Escarlate e ludibriar vermelhos que, como ela, possuem poderes ainda não compreendidos. Aquela que antes era uma menina fria, egoísta e inconsequente, quebra-se e dá lugar a uma nova Mare.

Enquanto isso, os vermelhos continuam sua luta. Mais rubros - como são chamados os vermelhos com poderes - são resgatados e ataques a centros importantes do reino são planejados. O que antes parecia apenas uma luta de sobrevivência aproxima-se cada vez mais de uma intrigante disputa política, na qual vermelhos e prateados podem ser momentaneamente aliados. Em meio a essa discussão, o príncipe Cal se divide em resgatar Mare e decidir se seu coração está com ela ou com os prateados.

A primeira parte do livro é mais sombria, porque narra a estadia de Mare no palácio. Maven está cada vez mais confuso entre seus próprios sentimentos e seu desejo poder, ainda mais depois da morte de sua mãe. Sem o controle exercido por ela, torna-se difícil dizer quem ele é e o que quer. Ainda que seja mais lenta, essa parte é interessante justamente por mostrar essa dualidade de Maven e por desconstruir a Mare. Maven se torna mais humano e mais cruel com o passar das páginas. Seus comportamentos e pensamentos são melhor explicados, até um ponto em que se pode torcer pelo personagem. Todavia, ele permanece sendo bom como vilão, e suas atitudes contribuem para o amadurecimento de Mare.

Não chegava a odiar Mare. Gostava de ela ser uma heroína imperfeita. Mas o período em que ela passa presa faz com que ela cresça ainda mais. Uma prisão nunca é um lugar bom, e Victoria Aveyard não tenta modificar esse pensamento. Ela faz com que sua protagonista sofra e, a partir disso, veja o mundo de outra forma. Até o romance com Cal parece mais vivo depois de tanto sofrimento.

Para poder abordar a questão das revoltas e também mostrar mais de Cal, a autora insere alguns capítulos sob o ponto de vista de Cameron - a vermelha que surge em "Espada de Vidro" e que sempre desafia Mare. A ideia de desenvolver esse plot de forma intercalada é boa para não nos afastarmos dos personagens. Porém, Cameron não consegue agradar. Sua narrativa é ainda mais chorosa e egocêntrica que a de Mare nos outros livros. É possível compreender o sofrimento da personagem, e acho interessante que seu contexto seja levantado na série, mas ela não consegue cativar. 

Na segunda parte da história, também são inseridos capítulos de Evangeline, a prateada inimiga de Mare. E sem dúvidas esta foi a melhor surpresa do livro. Evangeline foi desconstruída, mas de uma forma coerente. Um lado oculto da personagem é revelado, o qual é importante para compreensão das atitudes da personagem e do caminho que a história pode tomar. 

Tem romance, mas como sempre não é o foco principal. A mudança está no fato de que a prisão de Maven fez com que Mare não perdesse tempo se prendendo àquelas dúvidas constantes quanto à lealdade de Cal, embora elas ainda existam e sejam relevantes para a finalização. O final não agrada nem desagrada. Diferentemente dos demais, não termina com uma cena tão impactante ou inesperada. Politicamente, apresenta perspectivas interessantes. Romanticamente, cansa o clichê de sempre impor barreiras ao par romântico como um gancho para o próximo livro.

Gostaria de observar que "A Prisão do Rei" retoma vários elementos de "Coroa Cruel" - livro de contos da série. Ainda que não seja extremamente necessário ler o livro de contos, é no mínimo interessante para melhor compreender alguns fatos.

Enfim, eu adorei o livro. Acredito que a trama esteja sendo bem desenvolvida e tomando caminhos mais maduros. A luta política toma cada vez mais lugar na história, e Aveyard consegue desenvolver bem seus personagens em meio a ela.
O quarto e último livro, ainda não intitulado, está previsto para o ano que vem, e os direitos de adaptação já foram comprados. Todavia, ainda não há muitas informações acerca da produção.

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