Oláaa :D
Hoje tem mais uma entrevista aqui no Cantar, desta vez com a parceira Bianca Gulim. Ela é autora do livro Sobreviventes do Caos, primeiro volume da Trilogia 2323.
Vem conferir o que ela nos contou sobre o livro e um pouco sobre sua carreira como escritora.
Agradeço a oportunidade de levar aos leitores um pouco mais de mim.
→Por que começou a escrever?
Foi uma decisão repentina, eu nunca tinha pensado nisso, apesar de sempre ter sido uma leitora voraz. Fiz carreira no ambiente corporativo até que atuar nesse meio não era mais o suficiente para mim, perdeu o sentido no decorrer do tempo. Quando optei por me dedicar à outra área, comecei a avaliar as opções, meus talentos. Eu buscava uma entrega com mais significado e estava propícia ao empreendedorismo ou, no mínimo, uma atividade autônoma. Nessa época eu estudava a possibilidade de abrir uma editora e percebi que o meio literário era um ambiente que me agradava muito, agregava no meu pessoal o significado que eu buscava. Então a ideia de escrever surgiu. Eu tentei, gostei muito da atividade e achei o resultado interessante. Logo, decidi fazer carreira como escritora.
→Como foi a experiência de escrever o livro?
Eu acredito que a escrita é o meu talento e grande prazer. Então, claro que foi incrível. É maravilhoso ver algo que estava apenas na sua cabeça se materializar em um produto que levará emoções para as pessoas. Fora o significado de produzir algo que tem potencial para mudar uma sociedade, agregar na educação, gerar empatia, ser o amigo de alguém. É uma experiência sensacional.
→Você teve alguma inspiração? Se sim, qual/quais?
Acho que todas as minhas leituras de alguma forma servem de inspiração. Filmes, séries, mangás e animes também. Toda história é uma aprendizado, uma inspiração. A maneira como o autor conduz a história, o que revela na narrativa, a maneira como escreve e todas as suas característica agregam algo na minha escrita. Até o que é ruim te agrega positivamente, porque você aprende o que não fazer.
Respondendo mais diretamente, acho que a J. R. Ward me inspirou na questão de equilíbrio entre romance e ação, e a Patrícia Melo não apenas me inspirou, mas também me encorajou a retratar meus personagens como eles realmente são, independente se o produto final não será tão comercial quanto tem potencial para ser. Aqui me refiro a questões como o uso de palavrões, por exemplo. Ao usar uma linguagem “pesada”, você acaba abrindo mão de um público mais jovem (em teoria), mas respeita a personalidade do personagem.
→Alguma playlist te inspirou em escrever?
Não.
→Qual foi a sensação de ter sua obra publicada?
Ah, é maravilhoso, claro. É a realização de um sonho, a recompensa por muita dedicação investida. Tem um prazer a mais por ser sido de maneira independente, porque é muito mais difícil e, consequentemente, gratificante.
→Quando você descobriu que queria ser escritora?
Em 2015, após tentar escrever pela primeira vez. Tive muita facilidade e foi muito prazeroso, soube de imediato que era a profissão que me faria feliz.
→O que lhe levou a escrever sobre este tema?
Eu escrevo sobre assuntos que eu gosto e sobre o que eu conheço. A reação do ser humano em momentos de sobrevivência e a psicologia por trás de ações maldosas sempre me despertou interesse. O enredo está ligado ao meu gosto pessoal, mesmo. O que eu gosto de ler, o que eu acho “bom”.
→Sua família/amigos sugeriram enredos para seu livro?
Não. Ninguém se envolve muito na minha escrita, gosto de manter isso mais para mim. Busco opiniões apenas quando o texto está totalmente finalizado e muito raramente altero algo no enredo por sugestões.
→Como vê a crítica ao seu trabalho?
Receber críticas negativas é sempre ruim, claro. Mas, eu aceito bem. Eu sei que é impossível agradar todo mundo. Por exemplo: eu recebo críticas negativas sobre o uso de palavrões em Sobreviventes, e ao mesmo tempo muitos dizem que a linguagem agressiva traz veracidade ao enredo, contribui positivamente para a construção do personagem. Então é isso: sempre haverão pessoas para adorar sua história, assim como haverão pessoas para não gostar. É uma questão de gosto, mesmo. Se o escritor tiver talento e a produção do livro for feita por pessoas talentosas, haverá público para apreciar.
Esse é um assunto muito delicado. Acho que quando você torna sua opinião pública e ela tem o potencial de influenciar pessoas, você deve fazer isso de maneira muito cautelosa. Uma opinião negativa à um escritor consagrado no mercado, provavelmente não afetará a carreira do profissional. Agora, quando o escritor está no início de carreira, buscando espaço no mercado, uma opinião negativa pode ser devastadora. Não acho que o influenciador literário deva esconder sua opinião quando ela é negativa. Mas há diversas maneiras de se dizer a mesma coisa e o blogueiro precisa ter isso em mente, e precisa ter ciência do que uma publicação pode causar.
Enquanto a crítica tem fundamento, acho válido, mesmo que seja negativa. O complicado é quando a crítica não tem fundamento, quando o que foi dito não reflete de fato às características da obra.
Eu vejo muita irresponsabilidade no universo literário digital, na “blogosfera”. Mas vejo também muita gente talentosa e dedicada, que enxerga a responsabilidade que sua atuação exige e age de acordo. Eu tive muitos poucos problemas com isso, provavelmente porque seleciono muito bem meus parceiros e sempre busco por leitores que apreciam o gênero literário da minha obra.
→Faça um Top 5 de livros que você indica.
Nossa, que difícil! Vamos lá:
Recomendo Valsa Negra, da Patrícia Melo, e Objetos Cortantes, da Gillian Flynn, pra quem gosta de entender a psicologia por trás de atitudes, personalidades. Em Valsa Negra conhecemos um músico egocêntrico, ciumento e paranóico. Patrícia Melo consegue com uma incrível excelência mostrar como cenas cotidianas nos dão sinais dessas caraterísticas. A maneira como ela retrata o personagem de maneira genuína também é incrível. Em Objetos Cortantes vemos como a infância molda a vida adulta, o caráter. Gillian Flynn tem uma escrita maravilhosa e envolvente, sem “firula”. O enredo é direto e reto. Com narração em primeira pessoa vemos como a infância negativa da protagonista influencia em como sua mente trabalha. E ainda tem um serial killer na história, não tinha como ser melhor.
Recomendo Falsa Submissão, da Laura Reese, pra quem quer sair da zona de conforto. Mas já adianto: essa história é para os fortes. Foi, sem sombra de dúvida, o livro mais difícil de se ler que eu já conheci. É pesado, muiiiiito pesado. Mas é maravilhoso. A protagonista tem sua irmã mais nova assassinada e decide encontrar o criminoso por conta própria. Logo ela descobre que a jovem introvertida teve um relacionamento amoroso com um professor da faculdade, e resolve se envolver com ele para descobrir mais. Só que ele já sabe qual seu objetivo e está disposto a jogar esse jogo. O que acontece é que ele é um sádico sexual com preferências nada convencionais, e a convence a realizar experiências sexuais extremas em troca de trechos do diário de sua irmã, que pode revelar muito sobre o caso de assassinato. Prepare-se, as cenas são fortíssimas e o final surpreendentemente simples.
Recomendo Gelo Negro, da Becca Fitzpatrick, pra quem está naquela ressaca e não quer ter que pensar ou refletir muito na próxima leitura. A história é super gostosinha, apesar de bem previsível, e nos envolve do começo ao fim. Tem romance, tem ação, os personagens são bem construídos… aquela leitura leve, sabe? Eu adoro esse tipo de leitura de vez em quando, é preciso.
E, por fim, mas nem um pouco menos importante, recomendo O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, pra quem quer conhecer uma maneira simples de enxergar a vida. Essa é uma leitura obrigatória para todo ser humano. Leio todos os anos e continuo me surpreendendo com as reflexões que essa leitura me traz. O autor mostra, além de muitas outras coisas, como ser feliz facilmente. Acho isso essencial para um mundo onde tudo parece ficar cada vez mais complicado, rs. É uma obra linda.
→Os personagens possuem alguma relação com sua vida? Fale um pouco sobre eles.
Não, nenhuma. Tudo na trilogia 2323 é ficção, mesmo.
A Celine mostra como a infância influencia no caráter e como a personalidade contribui para definir qual caminho essa influência vai levar. Ela é um exemplo positivo, na medida do possível, de vida adulta influenciada por uma infância negativa. Apesar de não ter se tornado uma pessoa ruim, que gosta de fazer mal para os outros, ela não conseguiu se livrar de toda a carga do passado. Ela tem dificuldades em confiar nas pessoas, sente dificuldade em se relacionar, não consegue evitar ataques de raiva, não consegue se livrar de antigos rancores, entre muitos outros. Isso mostra que, mesmo que você saiba lidar com as dificuldades, com os momentos ruins, eles deixam marcas, inevitavelmente.
Todos os outros personagens são agressivos, de alguma maneira. Isso porque eles nasceram em uma ambiente de guerra, e isso muda tudo. As crianças não são ingênuas, têm responsabilidades desde cedo. Isso é necessário quando se sobrevive, e não apenas vive. Elas precisam ser preparadas, o próprio ambiente as preparam.
O Max, por exemplo, aprendeu a não se ligar às pessoas, porque ele sabe que as pode perder a qualquer momento. Quando ele se apaixona por Celine, ele sente dificuldade em lidar com esse sentimento. Ao mesmo tempo que ele sabe que é algo bom, ele tem um medo muito grande de perdê-la,apesar de confiar em sua habilidade de sobrevivência. E isso faz com que ele não consiga controlar muito suas emoções relacionadas à ela, uma vez que ele sabe que tudo é muito instável.
→Que dicas você daria para quem está começando a escrever um livro?
Paciência, persistência e resiliência. Nessa profissão, essas características não são apenas desejáveis, mas necessárias. Quantas vezes vemos livros nacionais mal produzidos, com erros gramaticais ou diagramações que prejudicam a leitura, por exemplo? Isso é o reflexo claro da falta de paciência do escritor. A ansiedade em ver sua obra publicada faz com que ele abra mão de etapas da produção de um livro que são essenciais para garantir a qualidade do produto. Quando o escritor não consegue/quer um contrato com uma editora, ele precisa financiar toda a produção. Isso envolve a contratação de um preparador de texto, um revisor, um diagramador, um design gráfico e muito mais. Quando não se tem o investimento necessário, é preciso esperar conseguir esse valor ou dar um outro jeito de conseguir que o trabalho seja feito (por troca de serviços, por exemplo). Muitas vezes o escritor não consegue esperar e publica uma obra sem qualidade. Isso não afeta apenas a sua própria carreira, como também toda a literatura nacional, pois um livro sem qualidade no mercado reforça o preconceito de que livros produzidos no Brasil são ruins. Então, é preciso paciência para publicar seu livro apenas quando a qualidade dele estiver garantida.
A persistência e resiliência são necessárias para encarar uma carreira difícil, que normalmente demora para deslanchar. É preciso enfrentar os desafios acreditando em si mesmo, sempre. E o sucesso pode demorar. Infelizmente, muito provavelmente vai demorar. Temos muitos exemplos na literatura de escritores que hoje são extremamente rentáveis, mas no passado tiveram inúmeras recusas de editoras e enfrentaram muita dificuldade na carreira independente. É só você estudar o passado dos escritores consagrados: a maioria teve o período difícil antes da glória.
A carreira de escritor não é fácil, você escuta muito mais “não” do que “sim”. E, ao dizer isso, eu não quero desestimular, mas preparar. Se você não estiver preparado para isso, será muito mais difícil e chance de você desistir é maior. Então, se prepare financeira e psicologicamente. Antes de abandonar sua carreira e começar a escrever, por exemplo, tenha em mente que você precisará de dinheiro não apenas para produzir suas obras, mas também para se manter em uma profissão que demora para ser remunerada. E se prepare psicologicamente para receber muitas negativas e continuar acreditando em algo que, se você analisar friamente os eventos, chegará a conclusão de que não deveria acreditar. Mas continue acreditando, se você for um bom escritor, sua hora vai chegar. Trabalhar com o que se ama é um privilégio para poucos, porque poucos têm persistência e resiliência. Às vezes, é mais fácil desistir e seguir outro caminho. O que também é válido, mas não recomendo porque no final tudo vale a pena. Eu ainda não consegui uma remuneração viável nessa carreira, mas só de ver meu livro nas mãos de outras pessoas já fez tudo valer a pena. Imagine quando eu puder dizer “Consegui. Vivo da escrita”.
Eu sigo acreditando, sempre.
Para quem quiser conhecer mais temos:
Vocês podem adquirir o e-book ou o livro físico pelo site ;D
É isso ai gente ;D
Espero que gostem de conhecer um pouquinho mais sobre a Bianca e sobre o livro. Eu adorei a entrevista ^^
Beijos
Obrigada, Evelyn!
ResponderExcluirAdorei o post!
Um beijo
De nada ^^
ExcluirFicamos gratas pela parceria com você e que bom que gostou :D
Beijos