Resenha: Espada de Vidro



Título:
Espada de Vidro (A Rainha Vermelha vol.2)
Autor: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Páginas: 496
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Sinopse: O sangue de Mare Barrow é vermelho, da mesma cor da população comum, mas sua habilidade de controlar a eletricidade a torna tão poderosa quanto os membros da elite de sangue prateado. Depois que essa revelação foi feita em rede nacional, Mare se transformou numa arma perigosa que a corte real quer esconder e controlar. Quando finalmente consegue escapar do palácio e do príncipe Maven, Mare descobre algo surpreendente: ela não era a única vermelha com poderes. Agora, enquanto foge do vingativo Maven, a garota elétrica tenta encontrar e recrutar outros sanguenovos como ela, para formar um exército contra a nobreza opressora. Essa é uma jornada perigosa, e Mare precisará tomar cuidado para não se tornar exatamente o tipo de monstro que ela está tentando deter.

A série “A Rainha Vermelha” é uma série que gera controvérsias. Uns amam, outros odeiam, outros apenas leem para terminar, sem demonstrar alguma emoção maior. Quem leu a resenha de “A Rainha Vermelha” sabe que estou no grupo dos que amam a história. Gosto desse enredo mais sombrio que Aveyard construiu, unindo elementos de “Jogos Vorazes”, a “Seleção” e “X-Men”, embora nas continuações tenha se distanciado mais das duas primeiras histórias ao criar uma guerra entre pessoas com superpoderes sem grandes partes de romance. E, no que concerne às continuações, não me decepcionei. Pelo contrário, gostei mais ainda. 

Como em todas as resenhas de continuações, sugiro que, se você não leu o primeiro livro, pule esta resenha e parta para a resenha do primeiro livro (link aqui). Não me responsabilizo por alguns spoilers quanto ao primeiro livro. 

Em “Espada de Vidro”, Mare e Cal conseguiram fugir das garras do cruel príncipe, agora rei, Maven, juntando-se à Guarde Escarlate, mesmo com toda a desconfiança em relação às intenções deles. Com o apoio de alguns vermelhos rebeldes, eles embarcam numa jornada para reunir outros sanguenovos – vermelhos que possuem poderes, como Mare – que poderão ajudar na derrota do rei. Todavia, esta jornada poderá ser mais solitária para Mare do que ela esperava. Mesmo tendo seu irmão, Kilorn e Cal ao seu lado, existe um lado sombrio nela que ninguém pode apagar. No fim, pode ser que ela se torne igual àqueles que ela tanto odeia: Maven e Elara. 

“Mesmo perto de Cal, um forno ambulante, sinto o toque assustador do gelo na carne. Não sei de onde vem, só sei que chega em momentos de silêncio, quando estou parada, pensando em tudo o que fiz e no que fizeram comigo. O gelo se concentra onde deveria ficar o meu coração, ameaçando me partir ao meio. Meus braços se recolhem no peito, tentando parar a dor. Funciona um pouco, e sinto um calorzinho voltar para mim. Mas, onde o gelo derrete, fica apenas o vazio. Um abismo. E não sei como tapá-lo.”

“-Ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce sozinho. As pessoas se tornam más e solitárias, por escolha e circunstância. Esta última você não pode controlar, mas a primeira… Mare, temo muito por você. Fizeram muitas coisas com você, coisas que ninguém deveria ter de passar. Você viu coisas horríveis, fez coisas horríveis, e elas vão te transformar. Temo muito pelo que você pode acabar se tornando, caso faça uma escolha errada.”

Simplesmente amei “Espada de Vidro”, porque é muito mais sombrio que “A Rainha Vermelha”. Envolve mais conflitos entre vermelhos e prateados e também mais conflitos internos. A tortura sofrida pelos personagens é difícil de ser superada. E sentimentos conflitantes começam a aparecer melhor. Mare, por exemplo, revela que gostava mais de Maven do que transpareceu no primeiro livro. Está cada vez mais arrogante e egocêntrica, mas também demonstra mais de suas emoções, não conseguindo superar a traição de Maven. 

Adoro que Mare seja uma protagonista que não é idolatrada por todos e que não possui todas as virtudes de uma protagonista. Só acho que poderia ser um pouco mais inteligente. E Cal, o príncipe que eu amava no primeiro livro, também mostrou mais de suas fraquezas nesta continuação, cada vez mais acovardado em lutar contra outros prateados, preso à hipocrisia da qual veio. Isto impede que o romance entre os dois seja tão ardente. Após superarem os ressentimentos do primeiro livro, o romance até avança um pouco, mas não recebe muito foco. Maven existe entre eles, e o romance mais parece uma comodidade do que um amor verdadeiro. 

Gostei de ver mais dos outros personagens também. Kilorn, que antes era um amigo irritante e tolo, torna-se uma pessoa compreensível, na medida em que seus ressentimentos – por ser ignorado por Mare só por não ter poderes – são mais explorados e na medida em que ganha mais destaque na luta contra os prateados de Maven. Um personagem que aparece no fim do primeiro livro também tem sua relação com Mare explorada no segundo, e sua morte é uma tristeza. Além deles, conhecemos mais da Capitã Fairley e dos outros sanguenovos recrutados. 

O que mais gostei, no entanto, foi da crueldade de Maven, mais revelada na continuação, uma vez que ele não mais precisa disfarçar suas intenções. Seus encontros com Mare são raros, mas são impactantes. O final foi previsível. Todavia, não deixou de ser bom. O epílogo foi uma parte maravilhosa. Cruel, mas instigante, deixando-me louca pela continuação.

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