Título: O Ano Em Que Te Conheci
Autor: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Páginas: 336
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Sinopse: Bem-vindos ao mundo imperfeito de Jasmine e Matt. Vizinhos, eles não têm o menor interesse em tornarem-se amigos e nunca haviam se falado antes. Estavam sempre ocupados demais com suas carreiras para manter qualquer tipo de contato. Jasmine, mesmo sem nunca tê-lo encontrado, tem motivos para não suportar Matt. Ambos estão em uma licença forçada do trabalho e sofrendo com seus dramas familiares. Eles precisam de ajuda. Na véspera de Ano-Novo, os olhares de Jasmine e Matt se encontram de forma inusitada pela primeira vez. Eles têm muito tempo livre e estão em uma encruzilhada. Conforme as estações do ano passam, uma amizade improvável lentamente começa a florescer.
"O Ano Em Que Te Conheci" é livro mais recente da Cecelia Ahern a ser lançado no Brasil. A expectativa para lê-lo era grande, pois costumo gostar bastante dos livros da autora, estando um deles entre os meus favoritos. Embora o início da leitura tenha sido lento, o que me fez achar que me decepcionaria, o restante do livro agradou bastante, não obstante tenha trazido grandes mensagens sobre amizade e crescimento pessoal. Diferentemente de alguns de seus livros, o foco não é o romance. "O Ano Em Que Te Conheci", através de uma narrativa leve, fala sobre duas pessoas que, por circunstâncias diferentes, são obrigadas a reavaliar suas vidas e acabam construindo uma importante amizade.
Jasmine, a protagonista, descobriu aos cinco anos que iria morrer, e este fato desencadeou um processo de desapego. Durante toda à sua vida, Jasmine aprendeu que era preciso desapegar-se, pois um dia a morte chegaria. Assim, criar empresas para vendê-las tão logo o negócio começasse a prosperar parecia algo natural. Porém, seu sócio Larry não pensava do mesmo modo. Para ele, a empresa deveria ser tratada como ele tratava sua filha: cuidada de perto e para sempre. Foi por esse motivo que Larry retirou Jasmine do negócio e colocou-a em uma licença de um ano.
Durante um ano, Jasmine é paga para não trabalhar, o que começa a enlouquecê-la. Trabalho era tudo para ela e, sem isso, ela tem tempo de sobra para fazer tudo o que nunca fez, mas que nunca quis fazer, como ser madrinha dos filhos dos amigos, interagir com vizinhos e, principalmente, encarar Matt Marshall, o vizinho que a magoou muitos anos antes, mesmo que ele não saiba disso. Conviver com ele pode ser a tarefa mais difícil de sua vida, sobretudo porque ele também está de licença e passando por sérios problemas familiares. No fundo, talvez ele merecesse. Seu programa de rádio só fazia escárnio de assuntos importantes, e ele só sabia incomodá-la ao chegar bêbado todas as noites e acordar ao vizinhança inteira. Mas será que Jasmine merecia?
Matt não será o único a ocupar os pensamentos de Jasmine. Não poderia ser diferente, porque há Heather, a irmã mais velha de Jasmine, que, por motivos especiais, Jasmine trata como filha. Mas Heather quer voar e talvez não precise tanto de Jasmine quanto Jasmine pensa. Talvez Jasmine seja quem precisa dela. Talvez Jasmine deva mesmo ocupar seu tempo no seu jardim. Talvez ela deva realmente aproveitar o ano para cuidar de si mesma.
Jasmine tem um pouco de quase todas as personagens principais da Cecelia Ahern: é obcecada com controle e um tanto inflexível. Mas gosto que, na jornada deste livro, a personagem tinha como meta aprender a se apegar ao mundo e não a se desapegar dele. Também acho interessante que o personagem quem o livro se dirija - a narrativa é feita por Jasmine como se fosse uma carta para Matt - não seja nem um pouco agradável. Matt é tudo o que se pode odiar numa pessoa a princípio, mas outras facetas de seu personagem aparecem ao longo da história sem que, contudo, ele se torne também algo completamente diferente do que é apresentado no início. Se tem algo de que gosto nas narrativas de Cecelia é a construção e descrição de seus personagens, que foca muito mais na personalidade deles que na aparência, além de ser bastante circular. Cecelia abre para as influências familiares nos conflitos internos de seus personagens, de modo que estes se tornam compreensíveis.
"Isso me faz lembrar que deveria ligar para meu pai.
Deveria. Mas não ligo. Estoude licença há alguns meses, mas percebo que já bati aquela porta há muito tempo; nem sei quando aconteceu - quando eu bati a porta ou quando me dei conta -, mas agora fica óbvio para mim: ainda não estou pronta para sair do meu quarto."
Outra personagem importante e que deu um diferencial à história é Heather. Heather, a irmã mais velha de Cecelia, era algo que eu não esperava na história - e não quero falar muito sobre para não dar spoilers e estragar a surpresa. Ela possui algo de especial, que faz Jasmine querer cuidar dela, mas ela é descrita de uma forma tão interessante, que o leitor realmente percebe que ela é que cuida da Jasmine. Ela é o pilar de sustentação da irmã mais nova, e muitas vezes enxerga verdades que Jasmine não consegue ver. Ainda, é no núcleo da personagem que vários pensamentos interessantes, como a teoria dos círculos de relacionamento - círculos de aproximação das pessoas, que variam daquelas que sempre serão desconhecidas para as que nos são muito próximas -, são trazidos como próprios a ela, mas que acabam sendo aplicados à própria protagonista.
"O Ano Em Que Te Conheci" nos apresenta o jardim de Jasmine, sua vida, suas mágoas, tudo o que precisa passar por um ano cmasom quatro estações distante para conseguir se desenvolver. Tem romance, mas ele é secundário - não entre os personagens que pensamos. Ainda assim, o livro é lindo. E o final, por mais que não seja o final certo com que me acostumei nos livros da Cecelia - nem tudo se resolve como pensamos que irá se resolver - é coerente e especial ao seu modo. Vale a pena mais esta leitura.
"Ao perder o controle este ano, eu comecei a trabalhar em meu jardim para manter algum tipo de domínio, pensando que ele cederia à minha vontade. Mas ele me mostrou que não irá. nada pode ceder à minha vontade. Eu negligenciei meu jardim e permiti que as lesmas tomassem conta dele. Foi exatamente isso que fiz comigo mesma."
Pela resenha da pra ver que vale a pena mesmo, é o tipo de literatura que me agrada <3
ResponderExcluirAdorei :*
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