Filmes: Atômica - O filme que a Charlize Theron fez sem dublê


Título Original: The coldest city
Diretor: Davd Leitch
Elenco: Charlize Theron, James McAvoy, Sofia Boutella, Eddie Marsan, Bill Skarsgard
Duração: 1h e 55 minutos

Sinopse

Lorraine Broughton (Charlize Theron), uma agente disfarçada do MI6, é enviada para Berlim durante a Guerra Fria para investigar o assassinato de um oficial e recuperar uma lista perdida de agentes duplos. Ao lado de David Percival (James McAvoy), chefe da localidade, a assassina brutal usará todas as suas habilidades nesse confronto de espiões.

Opinião

Todo mundo aqui conhece o filme ''De Volta ao jogo'' que, numa jogada legal com o seu título, realmente trouxe Keanu Reeves de volta - e com classe - às telonas no papel de John Wick. Tornou-se um dos meus filmes favoritos de ação e seu diretor foi David Leitch (com carreira de dublê nesse ramo), o mesmo de Atômica. É por isso que eu esperava muito mais do que recebi. 


O filme é ambientado no período de Guerra Fria e tem como personagens centrais os tipos de pessoa mais instigantes para uma história: espiões. Lorraine, uma agente do M16, recebe a missão de investigar a morte de um colega e recuperar uma lista que desmascara todos os agentes duplos baseados em Berlim (dias antes da queda do muro). Lá ela conhecerá o agente baseado David (James McAvoy), que tornou-se meio que um mafioso do lugar. 



Dentre diversas cenas de luta bem editadas e coreografas, desenrola-se uma história com grandes potenciais, mas mal trabalhada para o grande público. Todas as atuações são boas, especialmente a de Charlize Theron, que dispensou os dublês e deu a cara a tapa (literalmente). A mulé arrasou. McAvoy já está mestre em fazer personagens excêntricos e dúbios, já Sofia Boutella melhora a cada aparição. Porém a trama é tão mal contada que tudo se perde no meio e você já não sabe mais de quem estão falando ou o que precisa ser feito. Nomes são mencionados uma vez e já se tornam importantes sem você entender bem porquê.

É meio que o mesmo problema que deu em Warcraft e A Torre Negra: tentar empurrar uma história complexa, multinucleada e cheia detalhes em pouco mais de duas horas. O resultado é que a gente só cria uma relação com a Lorraine mesmo e só porque ela é uma mulher fodona e real. Ela bate muito e resiste a tudo, mas apanha bastante também e não se demonstra invulnerável. O roteiro esforçou-se para mostrar isso nas cenas em que a agente tenta se aliviar das dores e mostra os hematomas. 


O que é impossível não elogiar nesse filme é a edição e, principalmente a fotografia. Os dois juntos deixaram o filme num tom noir e com um clima claro de Guerra Fria. Os bons usos de filme azul e vermelho garantem essa experiência. O espectador é completamente jogado ao filme por elas. A dupla responsável por isso foi parceira de David em De Volta ao Jogo (percebemos aí porque eu gostei). A trilha sonora também foi muito bem montada. Desde a primeira cena somos recebidos com um rock clássico antigo que caracteriza ainda mais a época e a protagonista. Temos David Bowie, George Michael, Queen e vários outros. E as músicas realmente constroem a significação da cena, não é um mero instrumental de identificação. Não dá pra botar defeito. 



Em suma, Atômica não é o tipo de filme que dá pra assistir quando a gente só quer relaxar. É preciso prestar atenção, pensar e assimilar as informações direito ou você sai do cinema com a sensação que o filme não tem pé nem cabeça (como ouvi em comentários). É um longa importante para a representatividade feminina no cinema e merece o respeito disso, mas precisava trabalhar melhor os conceitos para o grande público. Já quanto à crítica especializada, ele já é querido. 

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