Resenha: Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca Foi


Título:
Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca Foi
Autor: Joachim Meyerhoff
Editora: Valentina
Páginas: 352
Onde comprar: Buscapé

Livro cedido em parceria com a editora Valentina
Sinopse:Isso é normal? Crescer entre centenas de pessoas com deficiência física e mental, como o filho mais novo do diretor de um hospital psiquiátrico para crianças e jovens? Nosso pequeno herói não conhece outra realidade - e até gosta muito da que conhece. O pai dirige uma instituição com mais de 1.200 pacientes, ausenta-se dentro da própria casa quando se senta em sua poltrona para ler. A mãe organiza o dia a dia, mas se queixa de seu papel. Os irmãos se dedicam com afinco a seus hobbies, mas para ele só reservam maldades. E ele próprio tem dificuldade com as letras e sempre é tomado por uma grande ira. Sente-se feliz quando cavalga pelo terreno da instituição sobre os ombros de um interno gigantesco, tocador de sinos. Joachim Meyerhoff narra com afeto e graça a vida de uma família extraordinária em um lugar igualmente extraordinário. E a de um pai que, na teoria, é brilhante, mas falha na prática. Afinal, quem mais conseguiria, depois de se propor a intensificar a prática de exercícios físicos ao completar 40 anos, distender um ligamento e nunca mais tornar a calçar o caro par de tênis? Ou então, em meio à calmaria, ver-se em perigo no mar e ainda por cima derrubar o filho na água? O núcleo incandescente do romance é composto pela morte, pela perda do que já não pode ser recuperado, pela saudade que fica - e pela lembrança que, por sorte, produz histórias inconcebivelmente plenas, vivas e engraçadas.

Com uma capa extremamente encantadora Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca Foi é o livro que eu precisava para me tirar uma ressaca literária que me consumia há semanas. Com uma narrativa leve e descontraída o autor nos conta a sua história como se estivesse narrando um livro de ficção (eu demorei para realmente acreditar que o livro não é de ficção), entretanto nem todos os momentos são de alegria e muitas vezes senti uma tristeza por algo que aconteceu ou até mesmo algo que me remete a alguma lembrança triste de minha própria vida, mesmo que seja tão diferente da apresentada por ele.

Filho do diretor de um hospital psiquiátrico, irmão mais novo de três filhos e com certa dificuldade de aprendizado, Joachim é uma criança que desde cedo aprendeu que na vida nem tudo é como queremos — mesmo que diversas vezes seja difícil de aceitar e lidar com isso. Seu relacionamento com a família é algo que realmente me agradou, principalmente com seu pai que sempre foi uma grande pessoa para ele e mesmo com o passar dos anos e com as descobertas da vida adulta isso não se alterou. Geralmente eu não fico muito atraída por relacionamento entre pai x filho(a) nos livros, talvez por eu não ter um relacionamento tão profundo com o meu próprio pai, entretanto ao ver o relacionamento deles eu me pegava pensando no quanto seria bom ter algo assim com o meu pai, aquela cumplicidade, aquela forma de amor, incentivo e os detalhes (tipo quando ele conta que conhece o ritmo de leitura do pai, ou como quando sabia que ele estava prestes a encarar uma mulher na rua e etc).


O autor tem uma forma peculiar de narrar as passagens de tempo, então algumas vezes eu achava que era um acontecimento de sua infância quando na verdade já tinha mudado para sua adolescência. No começo eu achei um pouco ruim, mas isso acaba sendo apenas um detalhe ao longo da leitura. O tempo não é algo que seja realmente relevante na história, melhor focando nos acontecimentos em si. Cada capitulo narra algo especifico, alguns em que ele fala sobre determinados pacientes do hospital, outros sobre a compra de uma nova casa, e até sobre seu relacionamento com a cachorra da família.

Uma das melhores leituras que fiz nos últimos meses e olha que nem sou uma fã de livros de não-ficção/biográficos; fui atraída esperando encontrar algo e o que encontrei foi muito melhor do que qualquer coisa que eu imaginava. É uma leitura rápida e direta, divertida e emocionante.

(...) Ficava me perguntando porque justamente aquilo que mais se deseja no mundo me causava um medo tão atroz.
— Se os sapatos fossem confortáveis você logo se esquecia de que estava com ele nos pés. Mas como você gosta muito deles, quer sempre se lembrar do que esta calçando. Quando o sapato aperta a gente não consegue esquecer.— Resposta inteligente! — disse ele.
— É o que também acho. Há uma relação entre conforto e esquecimento.

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