Uma Noite Crime - Prometeu, mas não cumpriu


Título Original: The Purge
Diretor: James DeMonaco
Elenco: Lena Headey, Etahn Hawk, Edwin Hodge
Ano: 2003

Sinopse

Quando o governo norte-americano constata que suas prisões estão cheias demais para receberem novos detentos, uma nova lei é criada, permitindo todas as atividades ilegais durante 12 horas. Este período, chamado de Noite do Crime, é marcado por milhares de assassinatos, linchamentos e outros atos de violência por todo o país. O intuito, segundo o governo, é permitir que todos os cidadãos libertem seus impulsos violentos, garantindo a paz nos outros dias do ano. Neste contexto vive a família de James Sandin (Ethan Hawke), um vendedor de sistemas de segurança que prospera graças à Noite do Crime. Quando o evento ocorre, no entanto, o filho de James aceita abrigar um homem perseguido por psicopatas. Logo, toda a família está em perigo, seja dentro de sua própria casa, com a presença do desconhecido, seja pelas ameaças vindas dos psicopatas em frente ao imóvel, que prometem entrar e matar a todos.

Crítica

Recomendaram-me ''Uma noite de crime'' com muito vigor, por isso decidi que deveria dar uma chance a uma premissa que parecia muito boa. 2022, EUA, nação ''renascida''. É criado o ''Dia do Expurgo'', onde durante 12 horas (das sete da noite às sete da manhã) todos os crimes ficarão sem punição. A ideia é dar permissão para que as pessoas liberem seu ''instinto natural selvagem'' e, segundo o filme, desde a criação desse dia, as taxas de crime tem sido extremamente baixas.
Bom, seria um filme muito bom se não fosse tão eficaz em te fazer ter os sentimentos errados e de ter perdido a ideia central logo depois dos 30 minutos.


Primeiramente: achei ridícula a ideia de que um dia em que estupros, roubos e homicídios sejam legalizados fosse diminuir as taxas de crime. O crime é causado pelo que acontece o ano inteiro, crimes passionais ou causados pela pobreza, pela falta de acesso a direitos fundamentais, pela falta de investimentos nas coisas certas... enfim, por toda uma rede de coisas que um dia só não ''expurgaria''. Ou alguém acha que cartéis deixariam para acertar suas contas só nesse dia? Apenas pessoas frias, que conseguissem planejar seus atos, é que se aproveitariam para liberar seus instintos sem ser punidos. De resto, não faz o menor sentido. Continuando.



A ideia do filme tem um teor político maravilhoso que podia ter sido melhor explorado. Como eu falei, ele se perde em pouco tempo, deixando de ser um thriller bem pensado, para virar apenas um simples filme sobre invasão que não dá o que prometeu. Há mais sangue do que o necessário, ao mesmo tempo que tem menos que o necessário. Dá pra entender? Se era pra ser de terror, tinha que ter mais coisa. Se era para ser uma crítica, tinha que ter usado menos.

the purge

Outra coisa é que ele nos faz esquecer completamente sobre o que estamos assistindo e nos emerge na situação-problema da família protagonista - uma coisa que poderia ser muito boa se não eu não tivesse me atentado ao que estava fazendo. Ao invés de me revoltar com o governo e ao tipo de coisa que ele havia instituído, comecei a ter raiva das pessoas erradas, pelos motivos errados. Quando vi, estava desejando a morte do ''imbecil'' do menino que deixou um estranho entrar na casa. Mas, peraí... o que tem de errado em demonstrar compaixão a alguém que pede socorro? Sim, faz muito sentido NÃO ajudar ninguém no mundo em que ele se encontrar, mas ele estava mesmo errado em fazer isso? E as consequências desse ato dele te levam a novos sentimentos errados de acordo com cada cena. Preste bem atenção: o erro não é de quem participa do expurgo... mas que o criou e quem o defende sobre o pretexto de ser efetivo. Lembre disso.

Outra coisa: esse ''expurgo'' a meu ver é exatamente o que os críticos do filme falam - uma limpeza étnica. Os ricos podem plotar suas casas... os pobres ficam vulneráveis. E como podemos conferir na trama, os ''santificadores'' se aproveitam disso.



No geral é um filme que, apesar de todo o sangue derramado, é meio parado, não aproveita sua melhor sacada e não cumpre o que promete. O governo mais uma vez é desculpado e defendido, mesmo tendo criado um meio horrendo de resolver seus problemas, com um ''mínimo'' de gasto. Felizmente a cena final dá a deixa de que o segundo filme será mais politizado. Vou tentar terminar de assistir para contar pra vocês. Até agora as cenas têm me dado tanta gastura que eu não consigo continuar hahaha mas farei o esforço.

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